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TBT: PAZ(coa)

Domingo, 21 de abril de 2019, celebra-se o domingo de páscoa. Os ovos de chocolate, símbolo maior dessa data, já estão nos supermercados antes do carnaval. Produtores de ovos caseiros já estão a todo vapor, e a preocupação com o chocolate consumido também.

Algumas pessoas se negam a comer chocolate: “eu prefiro nem comer, porque se eu como, eu não paro mais", é o que a maioria diz. Se a afirmação não é essa, a justificativa é a seguinte: “o meu problema é que eu gosto de chocolate, sabe?”. Eu costumo lembrar que gostar de chocolate, algo tão gostoso, não é um problema, e sim uma questão de paladar - ainda brinco dizendo que problema é quando você gosta de substâncias estranhas, como shampoo, sabonete, pedra…

E acho sempre importante explicar que ficar sem comer chocolate não é a solução para não abrir essa 'porta’ para o excesso. Muito pelo contrário: restringir só aumenta o consumo na hora da permissão.

E com a páscoa chegando daqui 30 dias, muita gente opta por não comer chocolate até lá, já que quando a data chegar, haja chocolate! Outras procuram soluções supostamente mais saudáveis, como ovos sem lactose, sem glúten e sem açúcar.

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De onde vem essa balança?

Há alguns dias fiz uma enquete nos stories do instagram com 3 perguntas. Elas eram:

Com qual idade você fez a primeira dieta ou visitou o nutricionista/endocrino? -

Quem foi a pessoa determinante para que você fizesse uma dieta (ex: “pai”, “mãe”, “eu mesma” etc)? -

Hoje, olhando para a época que você começou a tentar emagrecer, você acha que precisava (em relação ao peso, corpo, etc)? -

Pensei em fazer essa enquete porque escuto as histórias se repetindo no consultório: “A primeira vez que me falaram pra fazer dieta eu tinha uns 12 ou 13 anos”, “minha mãe/avó/pai que me levou até o médico/nutricionista, dizia que eu precisava emagrecer”, “eu pedi para ir porque via minha mãe indo” e “hoje, olhando para trás, vi que não precisava fazer dieta ou podia se abordado de outra maneira”.

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Quando não vou mais pensar em comida?

“Quando vai chegar o dia que eu nunca mais vou precisar pensar em comida?”

Nunca. Eu espero que esse dia demore a chegar, pois quando ele chegar, você não estará mais viva.

Essa idéia de que estabelecer uma boa relação com a alimentação significa não pensar a respeito dela é uma expectativa muito comum de quem não quer mais fazer restrições. Como se a boa relação com o alimento fosse um ponto final, e não um caminho.

E é justamente esse o detalhe: depois de tanto tempo de dieta, fica difícil tornar as escolhas tão intuitivas e automáticas. Se desesperar porque está pensando muito em comida é comum, mas costumo dizer para os pacientes que pra pensar pouco em comida, você precisa pensar muito nela antes!

Quando se está de dieta, o pensamento também existe e é constante. Ficar analisando se isso ou aquilo engorda/emagrece é algo que acontece o tempo todo. Não é apenas no momento da refeição, mas antes e depois, e de uma maneira muito desgastante.

Mas aí você decide que não quer mais viver numa prisão e procura ajuda. A nutricionista que te ajuda vai te usar várias estratégias ao longo do tempo: entender como funciona sua alimentação, estruturar sua alimentação, te questionar sobre seus sinais físicos de fome e saciedade, observar suas crenças e respeitar suas vontades e fragilidades. Te guiando, você segue o caminho.

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Gravidez, alimentação e expectativas

“Tudo bem se você virar uma comedora de Club Social”, foi o que a médica me falou na minha primeira consulta pré natal. Com 4 semanas de gravidez e ainda sem nenhum sintoma, saí do consultório pra casa tranquila e pensando sobre minha organização alimentar nos próximos meses.

Então começaram as minhas reflexões sobre esse período que gera tanta fantasia no imaginário das mulheres. Passada a fase difícil, decidi escrever sobre isso, considerando minha experiência no consultório com outras gestantes, a observação do meu próprio corpo e minhas percepções sobre as informações divulgadas acerca desse assunto.

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Balança é equilíbrio?

Fiz uma enquete outro dia. Perguntei quem tinha balança em casa, desde quando se pesavam com frequência e com quem haviam aprendido. 60% respondeu que tem balança em casa. Desses 60%, 27% disseram que se pesam desde a infância, e 54% das pessoas que se pesam desde a infância disseram que aprenderam o hábito vendo os pais se pesando.

Se pesar pode ser bom ou ruim: há quem se beneficie do ato de subir ba balança de tempos em tempos, porque isso pode auxiliar a se manter num peso que elas julgam interessante, na ausência de restrições e dietas. Sabe aquela pessoa que tem uma boa relação com a comida, não vive de dieta, nunca tem alterações grandes de peso e vive uma relação de neutralidade com o próprio corpo? Se você é essa pessoa - ou seja, não sofre pra se pesar, não se escraviza pelo número e mantém um peso sem grandes oscilações de número e comportamento - siga no seu hábito.

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Eu acho que nunca vou conseguir emagrecer

Muita gente quer estabelecer uma boa relação com a comida. Só que, na maioria das vezes, esse desejo vem com frases do tipo: “Mas tem como fazer isso e emagrecer? Dá pra diminuir minhas compulsões e perder peso? Porque eu preciso muito emagrecer. Questão de estética, mas também de saúde, sabe?”.

Bem, eu não posso afirmar. Porque não sei o dia de amanhã, depende muito do protagonismo e da entrega do paciente no tratamento (nada fácil, mas super possível) e, sobretudo, depende do metabolismo de cada um.

Se eu fosse chutar um número, diria que 95% das pessoas que tem uma queixa similar a essa aí em cima, passaram por várias dietas. Várias. Tomaram remédios e fizeram as restrições mais absurdas, as vezes até as duas coisas juntas. Por isso eu nunca sei dizer se vai rolar um emagrecimento no processo de ‘fazer as pazes com a comida'. Porque o vai e vem do peso causado por restrições e permissões podem causar danos irreparáveis ao metabolismo.

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Desafio

Quando decidi escrever sobre esse tema, joguei no google “Desafio sem doce", e lá estavam vários links para reportagens diversas sobre o tema. A primeira delas me chamou a atenção; a autora escreveu: “O que aconteceu quando topei o desafio de ficar uma semana sem ingerir açúcar”. Fui lá ver o que havia acontecido com ela e tudo o que eu li foi o suficiente para me inspirar nesse texto.

Eu não sei de onde surgiu a idéia de fazer um ‘desafio’ de ficar sem comer algo. 30 dias sem açúcar, 30 dias sem carne, 30 dias sem refrigerante. Mas isso me remete a idéia da quaresma, período litúrgico de 40 dias que antecede a Páscoa cristã, onde, atualmente, os devotos fazem o sacrifício através da carne, excluindo esta da alimentação diária. Judeus também fazem jejum no dia do Yom Kipur e os muçulmanos do Ramadã. O jejum, independente da crença, marca um período de reflexão, e termina com uma bela refeição.

Além da reflexão, pessoas de várias crenças acreditam que cumprir essas privações fazem parte do perdão, o alívio da eternidade do divino. Cumprir um jejum dá a sensação de estar mais pertinho da garantia do paraíso, de ser uma pessoa mais iluminada e capaz.

Claro que ficar 30 dias sem açúcar, sem carne, sem álcool ou seja lá o que for, na intenção de perda de peso, não nos coloca mais próximo do divino. Mas, em tese, nos deixa longe da tentação. E tentação, tem relação com o pecado - nesse caso, da gula. Esse processo já põe o desafio em xeque: alimentos se tornam anjos e demônios, reforçando a dicotomia da mentalidade de dieta.

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Eu tenho umas compulsões alimentares

Tem muita gente que chega nos consultórios de nutricionistas com essa fala: “eu tenho umas compulsões alimentares". Talvez você já tenha pensado que come compulsivamente, ou que é compulsiva e até que isso é falta de força de vontade, que você precisa é tomar vergonha na cara e parar de comer tanto.

Pra te tranquilizar ou te indicar o caminho para o tratamento, é importante que você saiba o que é compulsão alimentar. E para que as pessoas sejam menos julgadoras e quebrem essa idéia de que pra comer menos ou bem a gente precisa só ‘querer', também é interessante entender a compulsão alimentar.

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Bronca da Nutri

Nos meus primeiros anos de consultório, quando eu já não concordava com essa história de dieta restritiva e tinha meus questionamentos sobre a pressão da perda de peso, era comum algum paciente chegar no consultório dizendo que ‘estava com medo de tomar bronca'. Eu, que nunca fui muito boa em dar ordens e delegar funções, me perguntava o porque do medo, sem entender.

Com o tempo observei que esse medo tinha, de maneira geral, um histórico. As pessoas que tinham mais medo de nutricionista eram aquelas que já haviam passado com alguma e levaram broncas homéricas.

Há um mês atrás fiz uma enquete lá no meu instagram: “Quem aqui já foi num nutricionista e tomou uma bronca?”. Então reuni aqui algumas respostas que recebi com alguns perigos sobre esse tipo de abordagem:

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Viajar e engordar

Já vou começar dando spoiler: se você está no seu peso através de qualquer controle excessivo, a chance de você ganhar peso numa viagem é grande.

Isso acontece porque qualquer coisa que nos tire daquela rotina extremamente controlada vai fazer que o nosso corpo, sedento por energia, estoque-a. Inevitável.

Mas esse ganho de peso durante as viagens não deveria ser uma grande questão. Primeiro porque você está viajando, se divertindo, curtindo, a última coisa que deveria se preocupar é com o peso. Se preocupar com alimentação? Ok, desde que seja para pensar onde comer, entender a cultura local através dos alimentos e claro, não passar todo o tempo investindo nos fast food. De resto, não há porque se preocupar.

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Tá pago! (no crédito)

"Festinha hoje a noite, vou tomar uns drinks, comer umas coisas diferentes... bora malhar pra acumular uns créditos, né?". "Treininho de hoje tá Pago". 

Parece que falar esse mecanismo é quase obrigatório de quem quer se manter sarado ou se mostrar preocupado com a 'saúde'. A idéia de que se você malhar bastante vai acumular créditos para poder comer depois ou subir correndo na esteira para poder 'pagar a dívida' de ontem é muito disseminada, mas uma inverdade. Nosso corpo não é um banco: não existe essa de crédito, débito, dívida, cheque especial ou empréstimo. 

Essa compensação não é apenas errada no ponto de vista biológico, como prejudicial no ponto de vista psicológico.

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Diálogo

Christine experimenta vestidos para sua festa de formatura enquanto sua mãe aguarda do lado de fora do trocador: "Está muito apertado, droga!". A mãe, do outro lado, diz: "Bem, eu disse para você não comer aquele segundo prato de macarrão". Contrariada, Christine bufa e a mãe completa: "Querida, você parece estar brava com isso, mas eu só estou tentando ajudar"

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