A dieta da Presidenta

"Marina, você viu sobre a dieta da presidenta?" - essa foi a pergunta do meu pai ontem, pelo telefone. "Dieta da presidenta? Não vi isso!".

"É uma dieta que fez a presidente emagrecer para a posse. Vi na internet. Será que funciona?"

Eu não vi a posse e confesso que há outras coisas mais importantes me preocupar em relação a ela do que seu 'shape'.  Até ouvi falar sobre o episódio das críticas ao corpo/vestimentas da presidenta, mas prefiro deixar os comentários desse esse fato para a Paola - no blog Não Sou Exposição.

Claro, fui correndo dar um google, já imaginando sobre a 'dieta que fez a presidenta secar': 'lá vem dieta milagrosa por aí'. Mas, mesmo com toooooooda essa expectativa, ainda assim consegui ficar surpresa com a escolha da presidenta. Não acho que seja uma 'técnica' (se é que existe alguma técnica nisso) conhecida amplamente, mas aqui em São Paulo é um método conhecido. Conheço muita gente que já fez/tentou ou que me pergunta/questiona sobre o método.

caricatura retirada do google imagens

A DIETA DA PRESIDENTA

A dieta da presidenta consiste numa proposta de se alimentar com baixo valor calórico (dietas entre 800 a 1200 kcal/dia). O médico criador da dieta da presidenta (que deu o seu nome ao método - Método Ravenna®) agrupou uma equipe multidisciplinar e um protocolo de poucas calorias. E a diferença deste método para outras dietas hipocalóricas é o acompanhamento de vários profissionais e encontros de pessoas que estão fazendo o mesmo tipo de tratamento (assim como VIgilantes do Peso ou Meta Real).-Não podemos negar que o acompanhamento profissional e a troca de idéias com um grupo que está no mesmo caminho é muito benéfico para qualquer tratamento de saúde. Porém, ainda assim,  esse 'apoio' é baseado em muito reforço negativo e tratamento padronizado, sem a mínima flexibilidade. Do reforço negativo, eu me refiro a afirmações do próprio criador da dieta. Frases como "O gordo de dieta é igual a um drogado em abstinência: está sempre à procura de motivos para se drogar", "só é gordo quem quer" ou "não existe a possibilidade de ser feliz sendo gorda". Quanto a dietas padronizadas, observo isso com facilidade vendo as várias pessoas que já passaram por lá me mostrando sempre a mesmíssima dieta - com o mínimo de diferença (em valor calórico, nutrientes, etc) entre elas.

O planejamento nutricional é calculado (será que é individualmente?) com um baixíssimo teor de carboidratos e a restrição de vários ingredientes (açúcar, gorduras e etc). Além disso o método sugere que alimentos com baixa palatabilidade (ou seja, pouco sabor) são melhores, para que a pessoa que está em tratamento não queira repetir.

Segundo dados da internet,  apenas 30% de quem segue o método consegue chegar no peso, mas 80% desses conseguem manter a perda. Porém, não sabemos por quanto tempo essa redução é mantida - o que é ESSENCIAL para definirmos um tratamento como eficaz ou não.

MINHA OPINIÃO

Já conhecia o método pelo nome original- e não por 'dieta da presidenta' - e, na minha opinião, é apenas mais uma forma de apresentar uma alimentação de alto valor proteico e baixa caloria. Dar um nome faz ficar com cara de coisa nova, etc e tal. Mas continua sendo mais uma dieta restritiva que, obviamente, faz qualquer pessoa perder peso (consumo menor que o gasto proporciona perda de massa corpórea). Porém, sem considerar (nem de longe!) as reais necessidades de nutrientes.

Assim como as mil e uma técnicas apresentadas por vários médicos/nutricionistas/profissionais da saúde, tem um apelo restritivo forte. A tendência é acreditar que, para perder peso, é preciso ter sofrimento, restrição, sacrifício.

O que para mim não faz nenhum sentido! Esforço, disciplina e perseverança são essenciais para a perda de peso - mas nem por isso precisa ser doloroso e sacrificante nesse nível. Além disso, algumas pessoas que já passaram por esse tratamento dizem que um dos motes é  a baixa palatabilidade dos alimentos, ou seja: você deve consumir refeição que não seja gostosa para que você não queira repetir - isso é surreal. A restrição de alimentos prazerosos foge da idéia de alimentação equilibrada, ou seja, aquela que você pode/deve comer de tudo, mas fazendo escolhas de quantidades e momentos de maneira inteligente.

Sem falar que a perda de peso induzida por uma dieta hipocalórica nesse nível nos conduz a uma perda de massa magra e líquidos, não só a perda de gordura. Isso leva a uma redução do metabolismo, tornando a perda de peso cada vez mais difícil. E não preciso nem falar dos sintomas típicos dessa dieta: dores de cabeça, falta de energia, mau hálito, etc etc etc.

Não posso dizer que todo mundo que se colocar nessa situação de tratamento não terá sucesso. Afinal, há pessoas que lidam bem com a restrição, sendo até uma maneira de impulsionar uma mudança posterior de hábitos. Mas geralmente essa parcela é mínima! A maioria das pessoas tem uma relação com a comida/corpo de amor e ódio, o que torna a opção de restringir uma grande furada.

Ao escolher o método da dieta da Presidenta, a pessoa assume que está entrando num nível muito restritivo, mesmo sem saber se aquilo é suportável por ela. Por isso, seria muito mais coerente conversar com um profissional sério e conduzir um tratamento equilibrado, no ritmo que cada um consegue levar - sem prejudicar a saúde por isso. E claro, considerando o equilíbrio alimentar!

Infelizmente profissionais e pessoas esclarecidas - como a presidenta e vários ministros - ainda compram esse tipo de idéia. A mim, fica o desejo de que os profissionais (principalmente da nutrição) deixem de se render a métodos milagrosos. A nós, nos resta esperar que as decisões da presidenta (e dos seus ministros) tome um rumo diferente da escolha do seu método de emagrecimento!

Até a próxima!

Beijos,

OBSERVAÇÃO: ATENÇÃO! ESSE POST FAZ REFERÊNCIA A DIETA DA PRESIDENTA, E NÃO A ASSUNTOS DE CUNHO POLÍTICO, PREFERÊNCIAS (OU NÃO) PARTIDÁRIAS E ETC.

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