Muita informação faz mal

Como toda nutricionista, médico, educador físico, analista - e por aí vai - vivo sendo questionada. "Ovo faz mal?", "E o glúten?", "pão engorda?". E a minha resposta costuma ser um pouco padrão: 'Depende'. Sim, depende. Depende de quem é você, seus hábitos, seus sintomas... Depende de tanta coisa!

Mas todo mundo anda muito confuso! Afinal, cada hora lemos uma coisa na internet, nas revistas, e (infelizmente) escutamos muita informação errada até de profissionais!

Por isso, cuidado: muita informação faz mal!

Como assim Marina? Simples...

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"Acordei com vontade de comer uma torrada integral, com bastante cottage, um copo de leite desnatado batido com banana. Mas abri o instagram e vi alguém falando que 'leite nem pensar!'. Já deixei de lado, e fiquei só com a torrada, a banana e o cottage. Na hora do almoço queria comer arroz, feijão, frango e salada - eu sempre comi isso. Mas meu amigo disse que os frangos são cheios de hormônios, que podemos ter câncer comendo frango! Deixei de comer o frango. A tarde, levei uma maçã, mas li na capa da revista que frutas estão cheias de agrotóxicos, geram diveeeeersos antioxidantes, e apesar de nem saber muito bem o que é isso, deixei a maçã de lado e peguei uma barrinha. Ao sair da academia, tomei um 'scoop de whey' que vi num instagram fitness, afinal, a pessoa que toma aquilo tem um corpão, e deve ser obra do suplemento! Na hora do jantar comi só uma salada, porque acho que tenho intolerância ao glúten".

Isso tudo que eu disse acima poderia ser dito por alguém - e, na realidade, foram frases soltas que já escutei por aí, dentro e fora do consultório.

E porque isso acontece? Insegurança. Muita informação. Um dia você lê que leite é ótimo, rico em cálcio, vitamina D. No outro lê que o leite é péssimo, horrível, leite nem pensar. No outro dia lê que frutas e verduras são essenciais, mas aquela pessoa que você admira pelo corpo maravilhoso só come frutas congeladas e só toma sucos de caixinha '100% fruta'. Comer somente a fruta? Não! Erradíssimo! É para ficar confuso e nadar na insegurança mesmo!

Trocamos a mesa do médico pelo Google, o papo com o nutricionista e o treino com o educador físico pelo instagram, e o analista por frases da Clarice Lispector...

As pessoas deixam de comer o que querem para comer o que os outros comem. Todo mundo quer ter uma intolerância (seja ela ao glúten, a lactose) mesmo sem saber que intolerâncias são sérias, e quem as realmente tem dariam a vida para se livrarem delas.

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E qual o problema disso? A comida está se tornando algo robotizado, uma espécie de obrigação! 'Neurotizaram' a comida, transformaram as refeições num momento de terror e pânico... E com isso vamos perdendo o contato com nosso corpo. Não escutamos mais nossas vontades, nossos anseios. Não sabemos mais do que gostamos e vamos perdendo o contato com a comida de verdade. Paramos até de perceber o que nos faz bem, nos conectamos apenas com o que 'é maligno' e 'é do bem', ou ficamos estressadíssimos com o que é 'do mal, péssimo'. Gente, não existe péssimo ou ótimo, nossa alimentação não é como aqueles diabinhos/anjinhos de desenhos animados. Existe um meio termo. Existe equilíbrio.

Faça uma reflexão: sua alimentação tem um padrão, ou você sempre busca um produto novo? Você deixou de consumir alimentos que gosta? Seu dia a dia tem muito tempo destinado a pensar nos milagres da alimentação? Tem se consultado com um médico e um nutricionista? Respondendo a essas perguntas, você pode imaginar o caminho que está seguindo.

Parece meio filosófico, eu sei. E é.

Saber comer bem, quase todo mundo sabe. Mas o excesso de informação está 'emburrecendo' as pessoas.

Pensem nisso.

Beijos e até a próxima!