Transgênicos: sim ou não?

Semana passada a bancada da câmara dos deputados federais aprovou um projeto de lei que dispensa as indústrias de informarem no rótulo se o produto tem origem transgênica (PL 4148/2008). Essa informação acontece através de um símbolo T amarelo nos produtos que possuem mais de 1% de origem transgênica. Essa aprovação ainda não foi finalizada, mas gerou MUITO bafafá.

Mas qual a verdadeira questão dos trangênicos?

Os transgênicos e/ou geneticamente modificados (GMO - genetically modified organism) são produtos que passam por manipulação genética. Ou seja, tem seu genoma alterado, seus genes modificados - seja por implantação de um gene de outra espécie, ou modificação na própria estrutura genética, sem adição desses genes de outra espécie.

Hoje em dia 85% da produção mundial de milho, assim como da soja, é transgênico. O milho é altamente utilizado pela produção alimentícia direta, ou seja, como matéria prima de outros produtos (pães, salgadinhos, farinhas, xaropes, etc). A soja é utilizada não só para a produção de subprodutos (leite, sucos, carne, etc) mas também como matéria prima para rações que alimentam rebanhos de gado.

Uma vez que essas sementes são geneticamente modificadas, elas conseguem ser mais resistentes a problemas externos como mudanças climáticas, pestes, doenças, pragas, etc. A produção é, dessa maneira, aumentada.

Mas como toda história, existem dois lados: o lado bom e o ruim dos transgênicos. E sim, é um assunto totalmente controverso.

O cultivo doss transgênico pode deixar os produtos mais baratos, uma vez que eles aumentam a produção. Além disso, esse aumento pode auxiliar na distribuição de comida: a FAO estima que em 2015 o mundo precisará ter um acréscimo em até 70% da produção de alimentos, para que todos possam comer. É evidente que os transgênicos não são a única solução para a fome, mas podem auxiliar.

Além disso, os transgênicos podem reduzir a necessidade de herbicidas e pesticidas, diminuindo assim, a utilização de agrotóxicos - o que é vantajoso não só para a saúde, como também para o meio ambiente. Obviamente não é uma certeza de que isso sempre aconteça, mas é uma possibilidade da modificação genética.

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E da mesma maneira que existem estudos comprovando a inocência dos transgênicos (alguns encomendados por empresas relacionadas a esse tipo de produto ou não), existem outros mostrando danos a saúde. E claro, vários desses estudos são ótimos, mas outros, deixam a desejar.

A verdade é que ninguém sabe ainda, a longo prazo, quais são os reais riscos do alto consumo dos GMO's. Algumas pesquisas (mal controladas, diga-se de passagem) apontam para morte precoce de ratos que consumiram um grande volume de alimentos transgênicos. Outros bons pesquisadores acreditam que os GMO's podem contribuir para o aumento do número de doenças como o Alzheimer.

Ou seja: a ciência aponta para vários lados, e ainda não há como bater o martelo.

Nossa questão aqui não é discutir se os transgênicos matam ou não, se causam doença ou não. Continuo acreditando num consumo equilibrado, em ciência bem aplicada e em dados clínicos apurados. Seria maravilhoso conseguir aliar um aumento na produção de alimento sem impacto ambiental, beneficiando populações que passam fome, e de maneira que não prejudique a saúde daqueles que consomem esses alimentos. Enquanto não fazemos isso, podemos optar com base no nosso conhecimento e crença: ou seja, optar se iremos ou não consumir um produto que se afirma transgênico.

Hoje em dia a legislação existe que, quando o produto tem mais de 1% de composição transgênica, ele deve ser dotado de um símbolo T dentro de um triângulo amarelo. Porém, o deputado Luís Carlos Heinze propôs um projeto de lei que retira essa obrigatoriedade. Segundo ele 'o símbolo, em vez de garantir ao consumidor o direito à plena informação, afasta-o de qualquer avaliação racional, uma vez que provoca medo no consumo e induz ao repúdio desses produtos'.

Minha gente, vamos ser sinceros... Um símbolo informa e te dá a possibilidade de escolha!O que gera medo e repúdio são informações incorretas e deturpadas que recebemos o dia inteiro sobre esses (e outros) assuntos.

Para mim, o consumo exagerado de QUALQUER produto industrializado é a grande questão da saúde. O fanatismo também é prejudicial, seja ele para defender o cultivo desses produtos a todo custo, quanto a execrar sem saber, de fato, quais são os verdadeiros riscos.

Entendo e respeito todos os pontos de vista. Mas no caso do projeto de lei, sou absolutamente contra. Da mesma maneira que as mulheres do Põe No Rótulo pensam, acredito que todo tipo de informação que pode fazer o consumidor a pensar e repensar suas escolhas é válida.

Quanto a ser ou não a favor dos trasngênicos, acho que seria maravilhoso se pudéssemos nos alimentar de cultivos exclusivamente orgânicos e sem modificações genéticas. Como eu disse acima, acredito que se nos preocuparmos em consumir menos produtos industrializados, já estaremos escapando de um possível dano dos trasngênicos.

Mas estamos falando de um planeta onde 800 milhões de pessoas morrem de fome, e a desnutrição mata até 2,8 milhões de crianças ao ano. Acredito numa política mundial que colabore para a o fornecimento de comida SAUDÁVEL aqueles que não podem produzir e/ou plantar. Numa mistura entre o incentivo/melhora dos cultivos locais e o avanço da ciência.

Não que os alimentos geneticamente modificados sejam a solução da fome: não são. Mas creio que, a partir de pesquisas bem feitas e investimento em biotecnologia, além de uma boa dose de educação, poderíamos melhorar esse quadro.

Enquanto isso, nós, seres privilegiados por ter o que comer, deveríamos começar a nos informar melhor sobre qualquer polêmica alimentar, antes de nos posicionar radicalmente sem os devidos argumentos.

Espero que tenham gostado!

Até a próxima!

Sugiro a leitura desse link: http://www.scientificamerican.com/article/the-truth-about-genetically-modified-food/?page=1

http://www.cgm.icb.ufmg.br/oquesao.php