com tanta coisa boa pra contar, você vai ficar contanto calorias?

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Antes e Depois

“Art. 58 É vedado ao nutricionista, mesmo com autorização concedida por escrito, divulgar imagem corporal de si ou de terceiros, atribuindo resultados a produtos, equipamentos, técnicas, protocolos, pois podem não apresentar o mesmo resultado para todos e oferecer risco à saúde.”

Esse é o artigo do Código de Ética do Conselho Federal de Nutrição (2018), que diz respeito ao famoso formato de foto “antes e depois”, amplamente divulgado nas redes sociais. O código de ética é direto: mesmo com autorização, você não pode fazer uma montagem do seu paciente tirando uma foto na frente do espelho comparando antes e depois - e nem usar a sua imagem para tal.

DIa 4 de julho a nutricionista Camilla Estima fez, no seu instagram, uma postagem sobre isso. E eu fui lá acompanhar os comentários. Só faltou a pipoca e o guaraná para ler o que li por ali.

Algumas pessoas sugeriram que isso não devia ser problema porque essas imagens forneciam motivação para quem precisa. Outras questionaram que já tem tanta gente de fora do mundo da nutrição fazendo isso, então qual o problema de nós nutricionistas seguirmos nesse caminho? E teve gente que falou que o mundo evoluiu, e que esse tipo de serviço é essencial para a divulgação do trabalho.

Mas será que essas justificativas são razoáveis? Coloco aqui minha análise sobre o assunto.

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TARE: transtorno alimentar restritivo evitativo

O começo da alimentação é um fator muito importante para nossa nutrição. É durante os primeiros anos de vida que somos apresentados a uma diversidade de alimentos, mas também que aprendemos que comer não é apenas ingerir: é também sentar-se à mesa para dividir, é ver a comida como símbolo de cultura e entender que alguns alimentos aparecem em determinados contextos.

Mas alguns pais têm dificuldades em iniciar a vida alimentar dos seus filhos. Algumas crianças são resistentes a novos sabores, e outras a determinadas texturas. E no geral, a criança que não come de tudo ganha o rótulo de “chata para comer”.

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TBT: PAZ(coa)

Domingo, 21 de abril de 2019, celebra-se o domingo de páscoa. Os ovos de chocolate, símbolo maior dessa data, já estão nos supermercados antes do carnaval. Produtores de ovos caseiros já estão a todo vapor, e a preocupação com o chocolate consumido também.

Algumas pessoas se negam a comer chocolate: “eu prefiro nem comer, porque se eu como, eu não paro mais", é o que a maioria diz. Se a afirmação não é essa, a justificativa é a seguinte: “o meu problema é que eu gosto de chocolate, sabe?”. Eu costumo lembrar que gostar de chocolate, algo tão gostoso, não é um problema, e sim uma questão de paladar - ainda brinco dizendo que problema é quando você gosta de substâncias estranhas, como shampoo, sabonete, pedra…

E acho sempre importante explicar que ficar sem comer chocolate não é a solução para não abrir essa 'porta’ para o excesso. Muito pelo contrário: restringir só aumenta o consumo na hora da permissão.

E com a páscoa chegando daqui 30 dias, muita gente opta por não comer chocolate até lá, já que quando a data chegar, haja chocolate! Outras procuram soluções supostamente mais saudáveis, como ovos sem lactose, sem glúten e sem açúcar.

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O amargo da Páscoa

O chocolate é um alimento muito antigo, que passou por algumas transformações até chegar nesse produto que consumimos hoje. Ao que tudo indica, os primeiros a cultivar e transformar as amêndoas de Cacau em bebida foram os astecas. Depois, os europeus começaram a adicionar açúcar, canela, cravos e outros sabores. Por muito tempo ele foi conhecido e consumido no Velho Continente como uma bebida, até que os Holandeses o transformaram em Cacau em pó e os Ingleses inventaram o chocolate sólido.

A fabricação de chocolate passa por vários processos, inclusive pela adição de açúcar em sua massa. E de acordo com a quantidade deste ingrediente, o chocolate se torna - ou não - amargo. Quanto maior o teor de cacau, menor o teor de açúcar. E talvez seja por isso que o chocolate amargo caiu nas graças dos profissionais de saúde.

Mas será que é tão mais saudável assim?

Diversas soluções são oferecidas para ‘driblar’ a vontade de comer chocolate: tâmaras, chás, banana com canela… mas o chocolate amargo é uma das únicas ‘alternativas’ que eu já vi funcionar melhor. Digo alternativa entre aspas, afinal, é chocolate! Mas, temos que tomar cuidado com essa solução milagrosa.

Eu sou do time que o problema não está no ingrediente, mas sim na dose. E um dia desses me deparei com uma paciente que tem se permitido comer quantidades excessivas de chocolate porque ele é amargo. Afinal, ‘amargo pode’. E não é por aí.

Qualquer consumo excessivo e recorrente, principalmente quando ele causa, além do desconforto físico, o desconforto mental e emocional, é contra indicado. Mas não adianta substituir quantidades enormes de chocolate ao leite (visto como ‘não saudável’), pelas mesmas quantidades enormes de chocolate amargo. A culpa pode não existir, mas o excesso segue existindo.

A idéia de uma alimentação equilibrada passa, obviamente, pela qualidade do que consumimos. Mas apoiar nossos exageros não recomendados em produtos que são classificados como saudáveis, também não é recomendado.

Portanto, nessa páscoa, convido você a olhar o chocolate de uma maneira diferente. Escolha aquele que você verdadeiramente gosta, aquele que você consegue saborear em quantidades adequadas e com prazer, atenção e curiosidade.

Eu adoro os chocolates brancos, mas também me encanto pelos levemente amargos, ou aqueles que tem em sua composição notas de menta ou caramelos salgados. E você?

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Compulsão Alimentar é vício?

O ano de 2021 começou com uma influenciadora cheia de seguidores falando sobre Transtorno de Compulsão Alimentar. Ela se sentiu no direito de falar no assunto, já que tem a doença diagnosticada - e, segundo a própria, sabe muito bem o que está falando.

Mas não sabe não.

De fato, falar sobre as doenças psiquiátricas é muito importante para que outras pessoas se aproximem da ajuda. Na prática clínica, observo muitos avanços quando uma pessoa reconhece na fala do outro o seu problema. Mas existem maneiras e maneiras de se falar sobre um determinado tema, e quando o discurso vem recheado de informações equivocadas e estigmatizadas, não é o melhor caminho.

Portanto, elenquei aqui nesse texto algumas partes da fala dela que acho importante discutir.

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Opinião: eating likes

Falar de doença mental não é fácil: há muito estigma. Dizer que sofre de algum transtorno alimentar é, automaticamente, aguardar algumas reações típicas de quem não entende muito sobre o tema. Algumas pessoas não sabem o que dizer. outras, irão julgar e algumas pensarão que é só uma besteira.

Portanto, conversar sobre o assunto é essencial. Formar uma rede de apoio, com pessoas de confiança, ajuda não só a encorajar quem sofre a procurar um tratamento, como também ajuda no processo. Procurar informação responsável e especializada também é uma idéia. E trocar idéia com quem já teve ou tem o problema pode ser muito interessante.

Pode ser.

Conversar com um grupo semelhante para entender que transtornos alimentares podem acontecer com qualquer um, ajuda tirar o fardo da culpa e da auto comiseração inerentes da doença. Estar em grupos nos quais você se identifica com as pessoas e é livre para falar o que sofre, sem olhares incompreensivos ou dolorosos, permite colocar todos os ‘demônios’ para fora - demônios esses que, constantemente, se transformam em gatilhos para comportamentos típicos dos transtornos alimentares.

Estudos demonstram que tratamentos em grupos trazem bons prognósticos, pois aumentam aa habilidade de comunicação e socialização, além do desenvolvimento da autoconsciência ao ouvir outros membros do grupo.

Com a facilidade da internet (grupos de facebook, perfis de instagram, e etc) essa troca ficou mais fácil. Até pouco tempo atrás, os blogs pro Ana e pro Mia*, eram os únicos conteúdos encontrados sobre o assunto. Não faziam (e não fazem!) bem e as informações encontradas por lá só aumentavam a gravidade do problema. Agora podemos contar com comunidades que trocam informações de qualidade, além de pessoas que falam sobre os transtornos alimentares com muito mais qualidade e responsabilidade.

Mas também temos uma enxurrada de perfis de recuperação, que, na minha opinião, podem ser questionáveis. Obviamente não podemos generalizar, acredito que existem pessoas que se beneficia muito da troca. Mas na minha prática clínica, desaconselho a prática aos pacientes que estão enfrentando essas questões.

Por que?

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