Gestação e Alimentação - o planejamento

Com um bebê chegam novas responsabilidades. Dentre elas, criar um ambiente favorável para que a criança se alimente bem. Mas a mudança, se possível, tem que começar antes mesmo do bebê nascer. Reaprender a comer sem dietas e mitos alimentares favorece uma vida saudável e equilibrada para a criança.

Além disso, preocupações com o peso e com uma alimentação que ajude antes e durante a gravidez são comuns e válidas.

O início

O primeiro passo é fazer um check up de saúde para avaliar todas as funções orgânicas com exames solicitados pelo seu médico e nutricionista. Além disso, organizar a rotina para manter hábitos de vida saudáveis é essencial: alimentação equilibrada, atividade física regular, bom consumo de água, manejo de estresse, saúde intestinal, boa qualidade e quantidade de sono, controle do consumo de bebidas alcoólicas, e interrupção do hábito de fumar.

O peso

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Ao contrário do que muita gente diz, nem sempre é  necessário emagrecer antes de engravidar. Isso pode inclusive não ser saudável.

Alguns médicos costumam utilizar o IMC (índice de massa corporal) para indicar ou não o emagrecimento, apesar da gente saber que esse parâmetro visto de maneira isolada não é recomendável. 

Observo muitas pessoas fazendo dietas bastante restritivas e perdendo peso de forma acelerada, como um planejamento para o ganho de peso que (inevitavelmente) vem na gestação. Porém, a perda de peso intensa sinaliza para o organismo que talvez não haja condições nutricionais suficientes para gerar uma nova vida, e por isso, como num efeito rebote, o ganho de peso durante a gestação poderá ser muito mais acentuado.

Muitas mulheres tentam chegar num peso muito baixo antes da gestação e depois acabam comendo por dois. Lembram daquele papo "restrição gera compulsão"? Pois é.

Além disso, dependendo da velocidade e quantidade da perda, a produção hormonal necessária para a gestação pode ser prejudicada  

A forma mais adequada de se pensar no peso antes de engravidar – e durante a vida toda, na verdade – é almejar um peso saudável. Isso significa levar vários fatores em consideração, como o histórico pessoal, biotipo, e a manutenção de uma rotina saudável com alimentação equilibrada e prática regular de atividades físicas. Mas isso não necessariamente significa que seja necessário baixar os ponteiros na balança. O mesmo vale para quem está com peso considerado abaixo do ideal: nenhuma mudança drástica será benéfica. Ou seja, o preparo para a gestação se trata de equilibrar o organismo e o metabolismo, sem cometer loucuras para ganhar ou perder peso.

A alimentação

Uma boa variedade de alimentos ajuda tanto na manutenção – ou melhora – da fertilidade quanto no equilíbrio de nutrientes, preparando o corpo para a gestação. Por isso, se a ideia é se preparar para essa fase, não deixe faltar na sua rotina:

Frutas e vegetais: são ótimas fontes de vitaminas e minerais. As verduras verde escuras são especialmente importantes, pois contêm boas doses de vitamina B, antioxidantes e fibras.

Castanhas e sementes: Como nozes, amêndoas, castanha do Pará e de caju, pistache, e sementes de linhaça, chia, girassol, abóbora e gergelim; especialmente por serem ricas em selênio, zinco, cálcio, ferro, fibras, e ômega 3 podem ajudar na fertilidade do casal.

Cereais integrais e leguminosas: Arroz integral, aveia, granolas, quinoa, e cevadinha, são ótimos exemplos de cereais integrais. Entre as leguminosas, todos os tipos de feijão, lentilha, ervilha e grão de bico são importantes. Isso porque estes dois grupos têm bastante fibras e proteínas, e podem ajudar no controle de glicemia e equilíbrio hormonal. 

Azeite, gorduras vegetais e peixes de água fria: As gorduras insaturadas, presentes nestes alimentos, também têm efeito anti-inflamatório e antioxidante, o que ajuda no equilíbrio de todos os sistemas no organismo.

 Ácido fólico: Em uma alimentação saudável, variada e equilibrada, a maior parte das necessidades de nutrientes são facilmente alcançados por uma boa rotina alimentar. No entanto, quando se fala em planejamento de gravidez, é bastante importante fazer uma suplementação prévia de ácido fólico. O ácido fólico tem papel fundamental no início da gestação, pois participa da formação do tubo neural do bebê, que acontece logo nas primeiras semanas, muitas vezes antes mesmo da mãe descobrir que está grávida. Portanto, é recomendável iniciar a suplementação três meses antes de engravidar, e mantê-la pelo primeiro trimestre inteiro da gestação. Esta suplementação é simples, e pode ser feita pelo médico ou nutricionista que acompanha o casal.

Probióticos: probióticos são microorganismos vivos benéficos a saúde. Existem vários tipos de probióticos e a real necessidade de cada caso deve ser avaliada pelo profissional. Algumas evidências relacionam a boa saúde do microbioma do bebê com o microbioma materno. Por isso, muitos profissionais tem recomendado o uso de probióticos durante o preparo da gestação. Mas assim como a alimentação, o uso de probióticos é individual e deve ser analisado pelo profissional, além de acompanhar uma alimentação equilibrada. 

 Comportamento alimentar

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O período pré gestacional é um bom momento para começar a pensar ou repensar o comportamento alimentar. Considerando que alimentação equilibrada é um dos pilares para a fertilidade e gestação, já adianto que este fator será importante em todas as fases da gravidez. Se até agora o casal viveu à base de restrições alimentares, dietas da moda, preocupado demais com nutrientes específicos ou com o peso marcado na balança, esse é o momento de mudar tudo isso. É a hora de planejarem juntos qual a relação que terão com a comida dali em diante e, consequentemente, qual exemplo passarão ao futuro bebê. É um momento muito propício para reeducar a forma como o casal pensa na alimentação e na maneira que trata seus corpos, para conseguirem passar tudo isso com naturalidade e tranquilidade para a criança. Porque depois, faça o que eu digo não será suficiente. O 'faça o que eu faço' entrará em ação também!

Gravidez não é doença e nem deve gerar ansiedade ou pânico. O importante é lembrar que a saúde do bebê dependerá da sua saúde e que cada caso é único! O acompanhamento profissional personalizado é a melhor forma de adequar essas e outras tantas recomendações ao seu cotidiano e objetivos específicos.

Um beijo,

Thais Lara

 

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