A comilança do Natal

Há uns anos atrás, quando comecei o blog, escrevi uma série de posts chamados Desafio do Natal. Eles não tinham a intenção de fazer ninguém emagrecer ou engordar nesse período, mas passar pelo Natal sem medo das comidas típicas. Nesses posts, eu comparava as frutas secas, as oleaginosas, os panetones. Explicava a diferença entre Chester, Peru e Tender e terminava com um post que sugeria como você poderia passar pela visita do bom velhinho sem tanta comilança.

Pois bem.

Esse ano eu pensei muito sobre isso e concluí que damos muito foco na comilança do Natal. Até os posts mais bem-intencionados falam nesse assunto: "como sobreviver a mesa cheia de natal", "Natal é só uma vez no ano, o que você comerá nessa época não vai te atrapalharl" ou "aproveite o natal comendo o que você gosta".

Eu concordo 100% que não é no Natal que a gente tem que se restringir totalmente e tornar essa data um verdadeiro pesadelo. E também entendo que há grupos que ficam mais sensíveis nessa época em que o contato com a mesa farta é um problema: as pessoas que sofrem de transtorno alimentar, por exemplo, devem contar com o apoio de toda a rede profissional.

Falar sobre a ceia de Natal é super importante, mas eu acho que acima disso, deveríamos também falar sobre outros momentos que o Natal proporciona, além da mesa farta.

O prazer do reencontro, com os amigos e as famílias. A dor da saudade daqueles que partiram. A magia de ver as crianças se encantando com as árvores de Natal e oPapai Noel. A surpresa (agradável ou não) do amigo oculto. A gargalhada de ver o tio errando o nome do novo namorado da sua prima. O show do Roberto Carlos ou a reprise de Esqueceram de Mim. A incompreensão de conviver com Papais Noéis tão vestidos em pleno verão tropical enquanto a chuva cai solenemente nos trópicos superiores. As promessas que começamos a elaborar para o ano que vem e as chateações que deixamos no ano anterior. A data que marca, para muitos, o início das férias. A tradição de reclamar do trânsito, da chuva, do calor, do Natal, dos preços, da família, do governo e do trabalho.

natal1.jpg

Existem mil coisas acontecendo além da mesa cheia de peru, panetone e rabanada. Existe alguém cozinhando tudo aquilo com muito afeto e carinho, outra pessoa do lado da mesa curtindo cada pedacinho, uma do lado sofrendo silenciosamente por causa da comida e outra comemorando que finalmente temos lichias frescas a vontade. Existe um feriado para descansar, uma missa para ser rezada, um e-mail spam desejando Feliz Natal e uma memória do pior ou melhor natal da sua vida.

Essa ano então decidi que o meu manual de sobrevivência do Natal será composto por uma lista de tudo que podemos curtir além da comida. Eu amo pensar na decoração da mesa, poder receber meus pais na minha casa, teimar em colocar um gorro de papai noel na minha cachorra, elaborar uma playlist para a noite de Natal, tentar assistir Roberto Carlos e me prometer que ano que vem vou a um show dele, enviar mensagens de Natal pra quem eu amo, receber e dar presentes, curtir o calor tomando uma cerveja bem gelada e encarar um supermercado cheio de gente e cerejas.

E você, o que você ama no Natal?

Beijos